Eu tenho uma prima, de quem gosto bastante, e sempre conversamos muito sobre empreendedorismo. Ela admira muito quem empreende, mas na vida dela prevalece aquela máxima de “isso não é para mim”. Cada vez que conversamos, tento mostrar que isso é para ela, sim, de mil formas, mas ela sempre me dá uma desculpa diferente. Então eu comecei a pensar nisso: quantas desculpas as pessoas dão para não viver daquilo que gostam, para não realizarem os sonhos, para continuar no lugar em que estão. Afinal, de uma forma ilusória, é muito mais fácil ficar onde estamos do que ir para outro lugar: mesmo que esse outro lugar seja melhor.
De tanto pensar nisso, selecionei alguns tópicos, que normalmente são chamados de crenças limitantes, e que te seguram no mesmo lugar, te impedindo de se jogar de peito aberto no negócio dos seus sonhos. Confira elas!
1 – “Isso é muito legal, mas para mim não dá”
Essa é a que eu mais ouço de todo mundo que admira quem empreende, mas tem um emprego mediano. Mesmo que a pessoa tenha um emprego Ok e não faça o que gosta, quando você sugere a ela o caminho do empreendedorismo, ela responde: “ah, mas para mim não dá”. E esse não dá vem logo seguido de um porquê: “porque estou há 10 anos no mercado”, “porque eu não estudei na área”, “porque eu tenho as contas de casa para pagar”, “porque precisa de dinheiro para investir e eu estou sem grana agora”, “porque eu tenho filho”, “porque eu vou casar ano que vem e não posso me arriscar”, “porque eu já passei da idade”. E por aí se estendem as desculpas.
Cada vez que eu converso com a minha prima, tento fazer cair por terra uma desculpa que a limita, mas algumas pessoas, a cada vez que a gente diminui a força de uma crença, muda o foco, elas encontram outras para colocar no lugar. Eu continuo tentando!
2 – “Eu não sou criativo, não tenho uma boa ideia de negócio”
Já falei outras vezes que criatividade é algo que se exercita. Pois bem, ninguém nasce com criatividade, mas é possível exercitar esse lado e reforçá-lo com acúmulo de referências. Já a questão de ter uma boa ideia de negócio também é relativa, porque poucas pessoas têm uma ideia totalmente original. E mais: poucas pessoas tem uma história de sucesso com um negócio 100% original.
A maior parte das pessoas que têm sucesso são boas mesmo é em gestão, mesmo que elas abram um negócio que já exista. A Cacau Show, por exemplo, é hoje uma das maiores empresas de chocolate do Brasil, senão a maior. Talvez ela não teria essa trajetória se o seu dono tivesse desistido do negócio porque já existiam a Garoto, a Nestlé e tantas outras marcas sólidas no setor. Mas ele foi lá, abriu o negócio de chocolate, foi muito bom em gestão, muito criativo na comunicação e no modelo e fez sucesso. Ou seja, não ter uma ideia original ou criativa não pode ser mais desculpa para não abrir um negócio. Para dar certo o que sua ideia precisa é ser muito bem executada!
3 – “Tenho medo do julgamento alheio”
Muitas pessoas não empreendem por medo de fazer “papel de idiota” e não ter família e amigos apoiando o negócio. No livro “Escolha sua Vida”, a autora Paula Abreu fala o seguinte: “por que será que você se sente idiota repetindo para si mesmo ‘eu vou conseguir fazer isso’, mas não se sente igualmente idiota dizendo ‘eu nunca vou conseguir fazer isso’?”
Perceberam aonde ela quer chegar? É muito estranho mesmo a gente se sentir idiota tendo um pensamento positivo, mas se sentir normal tendo um pensamento negativo. É preciso inverter essa dinâmica. O apoio da família e dos amigos pode ou não existir, não há regra, mas isso não pode limitar ou parar quem quer empreender, porque, no final das contas, não são os amigos ou parentes que vão comandar o seu negócio, ele dando certo ou não.
4 – “Não vou ganhar dinheiro fazendo um hobby”
Essa é uma crença muito poderosa, infelizmente. As pessoas colocam as coisas que elas mais gostam de fazer como hobby e nunca como trabalho. Quando pequenos, somos todos inundados pela ideia de que o trabalho tem que ser difícil. É como aquela expressão em inglês “no pain, no gain”– cuja tradução literal é "sem dor, sem ganho”. E seguimos com isso muito incrustado em nós e por isso é tão difícil de aceitarmos que o trabalho pode ser prazeroso, de que é possível amar aquilo que fazemos para ganhar dinheiro.
Quando eu falo pessoalmente para as pessoas que eu amo o que eu faço e que eu faria exatamente o que eu faço, mesmo se eu não ganhasse nenhum real, as pessoas me olham com uma cara de 50% deboche e 50% de incredulidade. Elas devem pensar que, já que eu faço uma coisa que eu amo, eu não devo ganhar muito dinheiro. No imaginário delas, eu sou uma dona de casa (nada contra as donas de casa!) que, vez ou outra, faz uns “presentinhos” para os parentes e amigos e vende. Na realidade, eu sou uma empreendedora, que trabalha mais de 8h por dia no meu negócio, que ganha dinheiro de verdade (provavelmente até mais dinheiro que muitos amigos que não acreditam no meu negócio) e ainda por cima sou muito feliz com o que faço.
A gente tem essa mania terrível de achar que não pode ganhar dinheiro com aquilo que amamos, que a gente só pode ganhar dinheiro com o que é difícil, chato. Mas isso é uma mentira deslavada! A gente DEVE ganhar dinheiro com o que ama, faz todo o sentido do mundo fazer o que se ama para ganhar dinheiro. Já que temos que fazer algo para ganhar dinheiro, por que não fazer as duas coisas juntas? Já pensou nisso?
Agora, eu quero saber qual é a sua desculpa para não empreender? Conta para mim, aqui nos comentários, que eu vou te ajudar a se livrar dessa crença rapidinho. Estou te esperando!