Quando criança, uma das minhas brincadeiras preferidas era ter a minha própria empresa (seguida de perto por ser professora). Me lembro de inúmeras vezes usar uma penteadeira da casa da minha avó como mesa de trabalho, e ir juntando acessórios perdidos pela casa para compor o visual de escritório. Tinha grampeador, canetas, papeis, e até um pino de furar papel (um dos meus preferidos, porque era super perigoso). Eu começava a escrever números nos papeis, como se tivesse fazendo contas de faturamento (mesmo sem saber que essa palavra existia na época), e dava ordens a muitas pessoas imaginárias que estavam por ali.
O tempo passou e a brincadeira mudou, mas produzir arte para minha empresa fictícia continuava nas minhas entranhas. Durante muitos anos fiz as mais diversas atividades que vocês possam imaginar. Vendi quadrinhos bordados em ponto cruz, fiz caixas de sobras de papel cartão, fiz bijoueterias com miçangas, vendi cachecóis de lã, até me apaixonar pela costura. Ou seja, minha vida inteira eu fiz arte, até mesmo durante a faculdade (que não era de arte). Aí fui me sentar num escritório cinza atrás de um computador.
Já contei para vocês como isso mudou, e como saí de trás de um computador num escritório cinza diretamente para esse espaço fofo que me rodeia hoje. Mas até hoje eu me pego pensando em algo que eu fazia na infância e que hoje não faço mais, e busco de alguma maneira trazer isso para o meu negócio.
Tudo o que você viu, ouviu, fez, leu, comeu, aprendeu e viveu até hoje define a pessoa que você é. E se você gosta tanto dessa pessoa, porque não trazer mais dessas referências todas para o seu negócio? É simples e muito eficaz!
Vamos fazer um rápido exercício: Faça uma linha do tempo em uma folha sulfite, risque um traço na folha toda, na horizontal, e vá marcando situações que aconteceram na sua infância que te deixaram muito feliz, que fizeram diferença para você, que te despertaram um sentimento de QUERO MAIS!
Na minha linha do tempo eu coloquei o momento dos aplausos após uma peça de teatro no primeira série, o dia que fiz o meu primeiro bolo de chocolate (que deu super errado, mas eu estava muito feliz de ter feito), quando recebi minha primeira encomenda de convites para uma festa, aos 13 anos, quando organizei festas na escola para arrecadar dinheiro para reformas, o dia em que fui aprovada para o programa de estágio dos meus sonhos, e mais um monte de coisas.
Ao olhar para a minha linha do tempo e o que me deixa feliz, percebi que duas coisas saltam aos olhos: trabalhos manuais (faço desde sempre) e reconhecimento (sempre gostei de ser elogiada pelos meus resultados).
O desafio então começou a ser: como incluir coisas que me dão o mesmo sentimento de alegria que eu tinha na infância no meu negócio, e trazer esse estado interno para cada uma das minhas atividades?
Para incluir os trabalhos manuais mais no meu dia a dia comecei a produzir mais kits de presentes e produtos a pronta entrega na Tuty. Não passo o tempo todo na frente do computador, tenho minhas pausas para produzir, colocar a mão na massa, descobrir novos materiais, novos produtos, novas técnicas. Isso me deixa numa alegria imensurável, me faz relaxar e me dá gás novo quando preciso desacelerar. E quanto ao reconhecimento, decidi colocar mais a minha cara no mundo. A verdade é que eu vivia atrás da Tuty, escondida ali, sem mostrar muito a minha cara, o que eu faço, quem eu sou e do que gosto, e depois que fiz esse exercício, comecei a colocar mais de mim para fora, passei a estar à frente da Tuty e os resultados estão sendo excelentes.
E para você? Quais são as atividades da sua infância que mais geram sentimentos de alegria? Já pensou em como colocá-las nos seus negócios? Se você tem, por exemplo, paixão por sorvete desde sempre, que tal fazer uma coleção inspirada em sorvetes? Se o que te deixa feliz é mesmo brincar com os animais, que tal então incluir esse tema na hora de pensar em um novo produto? Mas se você descobriu que o que mais te motivava na infância era escrever, mas hoje você só ilustra, que tal então começar a pensar em ilustrações com base em caligrafia, ilustrando frases de sua autoria?
Não existe regra, tampouco certo e errado nesse exercício. Mas posso te garantir que vai ser uma delícia fazer. E se ficou com dúvidas de como aplicar, escreva aí nos comentários, e quem sabe a gente pode te ajudar.